"Sabíamos que não era uma coisa normal", relata ageiro do voo inaugural Recife-Madrid
ageiros só foram informados da falha após cerca de 40 minutos de voo
"A coisa que mais nos preocupou foi a falta de comunicação". Esse é o relato do professor universitário Dario Brito, que estava presente no voo inaugural AD8000 Recife-Madrid, operado pela companhia Euroatlantic em parceria com a Azul Linhas Aéreas. Minutos após decolar, o avião precisou retornar para a capital pernambucana após registrar uma falha técnica.
Segundo Dario, logo após a decolagem, realizada por volta das 19h52 da terça (10), os ageiros já observaram uma dificuldade na aeronave de alcançar altitude.
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"Percebemos que o avião não estava ganhando a altitude normal e esperada para um voo internacional que cruzaria o Atlântico. Percebíamos que o avião estava muito baixo, já no oceano, e acelerava sem ganhar altitude. Isso começou a deixar as pessoas tensas", afirmou Dario.
Segundo o professor, após cerca de 40 minutos, os ageiros foram informados da falha. Oficialmente, a situação foi descrita para os ageiros como um problema com o flap.
De acordo com a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), os flaps são "superfícies de hipersustentação do avião que contribuem principalmente no aumento da sustentação, permitindo a redução da velocidade antes da aeronave tocar o solo”.
Após o comunicado da questão técnica, o piloto informou aos ageiros que a aeronave deveria retornar para o aeroporto de onde partiu.
"Ele disse que voltaria para o Recife, mas que não podia pousar diretamente porque precisava queimar combustível devido ao peso da aeronave. Depois que ele falou isso, não nos foi dito mais nada", detalhou Dario.
Falta de comunicação
Segundo o professor, a partir desse momento, a comunicação do piloto ou a acontecer exclusivamente com a equipe da cabine, por meio do interfone.
Em seguida, para realizar a queima de combustível, o avião permaneceu dando voltas no oceano. O momento foi registrado por alguns ageiros que filmaram os instantes em que a aeronave estava despejando o combustível.

"Todos no voo estavam prestando atenção na reação dos comissários. Sabíamos que não era uma coisa normal. Eles ficaram dando voltas no oceano, no litoral, e nada de avistarmos o Recife. Logo depois, conseguimos avistar o Recife, e, mesmo assim, o clima continuava tenso", comentou Dario.
Tensão entre os ageiros
Com a falta de comunicação, os ageiros aram a ficar tensos sobre como o pouso seria realizado.
"As pessoas pensaram diversas coisas, inclusive que tentaríamos um pouso no mar, ou que ele nos mandaria fazer a manobra de colocar a cabeça entre as pernas e se proteger. Isso porque as coisas não eram faladas; ele apenas dizia que iríamos pousar", afirmou o professor universitário.
No momento em que o voo se reaproximou do aeroporto, os ageiros puderam visualizar carros de bombeiro presentes na pista. O avião aterrissou por volta das 21h49, em segurança.
"O pouso, enfim, ocorreu tudo bem. Houve um alívio geral, as pessoas aplaudiram e tudo mais, com alguns risos de nervosismo. Mas, até agora, a causa não foi realmente esclarecida", completou Dario.
A informação ada foi de que o problema não comprometeria o voo. No entanto, não seria possível chegar até Madrid naquelas condições.
Após o pouso, os ageiros receberam a opção de aguardar pelo conserto da aeronave. No entanto, diversas pessoas se negaram a retornar ao mesmo avião.
Voo para Lisboa
Com o problema técnico, os ageiros que estavam presentes no voo inaugural Recife-Madrid foram realocados em outro voo para Lisboa, em Portugal.
"Conseguimos ser realocados neste voo da TAP que saiu às 4h40 do Recife e chegou aqui [em Lisboa] às 16h40. Ainda estamos no aeroporto, pois nosso destino final não era nem Madrid", detalhou o professor.
Segundo Dario, apesar da opção de aguardo pelo conserto do avião, a aeronave não foi consertada.
"Isso nos faz crer que o problema era realmente grave, não era um problema qualquer. Ele não foi consertado, e todas as pessoas que estavam naquele voo foram realocadas para outros voos. Algumas pessoas vieram para este voo da TAP direto para Lisboa, outras voltaram para Campinas e de Campinas seguiram para Madrid. Todo mundo foi realocado", completou.