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ORIENTE MÉDIO

Israel bombardeia defesas aéreas e lançadores de mísseis no Irã

Escalada entre entre os países reocupa comunidade internacional e ameaça estabilidade regional

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Israel bombardeou defesas aéreas e lançadores de mísseis no Irã neste sábado (14), intensificando suas operações para desmantelar as capacidades militares de Teerã após uma noite de ataques mútuos entre os dois arqui-inimigos.

Na sexta-feira, Israel lançou um ataque sem precedentes em solo iraniano, alegando ter informações de inteligência que mostram que o Irã estava se aproximando do "ponto sem retorno" em direção a uma bomba atômica. O ataque atingiu mais de 200 instalações militares e nucleares e matou os principais oficiais militares do país.

Em resposta, o Irã, que nega fabricar armas nucleares, disparou dezenas de mísseis contra as instalações militares em Israel. A maioria dos projéteis foi interceptada pelos Exército israelense, mas alguns causaram danos extensos na região de Tel Aviv.

Os serviços de emergência israelenses relataram que duas pessoas morreram e 19 ficaram feridas depois que um foguete atingiu uma área residencial no centro de Israel.

A escalada militar entre Irã e Israel, separados por mais de 1.500 km, aumenta o temor de um conflito em larga escala na região, segundo especialistas.

Israel disse no sábado que sua força aérea atingiu os sistemas de defesa aérea da República Islâmica na área da capital durante a noite e depois indicou que continuaria a atacar "dezenas" de lançadores de mísseis no Irã.

"Pela primeira vez desde o início da guerra, a mais de 1.500 km do território israelense, a IAF (Força Aérea Israelense) atacou sistemas de defesa na área de Teerã", afirmou um comunicado militar.

Durante a noite, o Irã alegou ter atacado "dezenas de alvos" em Israel, incluindo bases e infraestruturas militares.

Sirenes soaram em Israel e muitos moradores se abrigaram até que o Exército desativasse os alertas.

Chen Gabizon, de 29 anos, correu para um abrigo subterrâneo após ouvir as sirenes.

"Poucos minutos depois, ouvimos uma explosão muito forte, tudo tremia: fumaça, poeira, tudo estava espalhado", disse à AFP. "Foi um momento verdadeiramente aterrorizante".

Em Tel Aviv, as autoridades relataram 34 feridos, incluindo uma mulher que morreu posteriormente, segundo a mídia local.

"Chega de escalada"
O embaixador israelense nos Estados Unidos, Yechiel Leiter, disse à CNN que o Irã lançou "quase 150" mísseis balísticos em três salvas desde sexta-feira. Ele enfatizou que os disparos não devem cessar, já que a República Islâmica possui, segundo ele, um arsenal de quase 2.000 mísseis.

Temendo um conflito mais amplo, o papa Leão XIV lançou neste sábado um "apelo à responsabilidade e à razão" ao Irã e a Israel, em um momento em que "a situação se deteriorou gravemente" entre os dois países.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu a ambos os lados que cessassem o fogo. "Chega de escalada, é hora de parar. A paz e a diplomacia devem prevalecer", escreveu no X.

O ataque israelense ocorreu em um momento em que o Irã está sob intensa pressão dos Estados Unidos e de Israel, em meio a suspeitas de que o país esteja buscando adquirir armas nucleares. Teerã nega essas acusações e defende seu direito de desenvolver seu programa nuclear para fins civis.

Washington e Teerã devem realizar uma nova rodada de negociações no domingo — mediada por Omã — sobre o assunto.

No entanto, "ainda não está claro" se o Irã participará das negociações após os ataques israelenses, informou a agência de notícias oficial Irna, citando o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano, Esmail Baqai.

"Declaração de guerra"
Apesar do apelo da comunidade internacional por uma desescalada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou que "mais" ataques virão, enquanto o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, denunciou uma "declaração de guerra".

Cerca de 200 aeronaves realizaram o ataque ao Irã na madrugada de sexta-feira.

Pelo menos 78 pessoas morreram e mais de 320 ficaram feridas, a maioria civis, informou o embaixador iraniano nas Nações Unidas, Amir Iravani, ao Conselho de Segurança.

Os bombardeios mataram funcionários iranianos de alto escalão, incluindo o chefe do Estado-Maior do Exército, o chefe da Guarda Revolucionária e o comandante da força aeroespacial iraniana.

Neste sábado, a televisão estatal anunciou que dois generais do Exército iraniano também morreram nos ataques israelenses.

Nove cientistas envolvidos no programa nuclear iraniano também perderam a vida, segundo o Exército de Israel.

O Exército israelense anunciou ter "desmantelado" uma usina de urânio em Isfahan (centro do Irã). Os danos a essas instalações e à usina de Fordo, ao sul de Teerã, foram leves, segundo a organização nuclear iraniana.

Israel também afirmou ter atacado duas bases militares no oeste do Irã e afirmou que a de Tabriz (noroeste) havia sido "desmantelada".

Uma importante instalação externa da usina de urânio em Natanz foi "destruída", de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), com base em relatos do Irã. No entanto, a agência não registrou "nenhum aumento nos níveis de radiação" na região.


 

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