Movimento Olímpico critica competição com doping liberado: "Traição a tudo que prezamos"
Capitaneados por empresário australiano, Enhanced Games estão previstos para 2026, em Las Vegas
Em carta aberta divulgada na última quarta-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a comissão de atletas da Agência Mundial Antidopagem (Wada) voltaram a fazer críticas aos Enhanced Games (Jogos Aprimorados, em tradução livre), competição que promete reunir atletas e ex-atletas olímpicos para competir sob uso de doping liberado.
O comunicado, assinado também pela Athlete 365, instituição que representa a comunidade de atletas olímpicos e de elite, chama a competição de "traição a tudo que prezam" e reprovam o incentivo ao uso de substâncias de aumento de desempenho esportivo.
"Como atletas, acreditamos que os Enhanced Games ou qualquer outro evento encorajando o uso de substâncias de aumento de performance são uma traição a tudo que prezamos [...] esses eventos enfraquecem a integridade do esporte e a responsabilidade dos atletas como modelos da sociedades.
Promover essas substâncias e métodos a uma mensagem perigosa, especialmente para as atuais e futuras gerações de atletas. Essas substâncias podem levar a sérias consequências de saúdo no longo prazo, até à morte. Encorajar atletas a utilizá-las é altamente irresponsável e imoral. Nenhum nível de sucesso esportivo vale esse custo", dizem o COI e a comissão de atletas", diz trecho da carta.
Leia também
• Sinner volta de suspensão por doping com vitória no Masters 1000 de Roma
• Doping, exames secretos, retorno do número 1 do tênis: relembre polêmicas do "caso Sinner"
• Tenista australiano Max Purcell é suspenso por 18 meses por doping
No último dia 23, a organização dos Enhanced Games anunciou que planeja realizá-lo em maio de 2026, na cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos. O empresário australiano Aron D'Souza é o idealizador da iniciativa.
Entre os argumentos para sua realização, a competição alega defender a ciência e a autonomia dos atletas sobre seus corpos e acusa o esporte olímpico de pagar salários baixos aos atletas. A ideia é não testar os participantes para substâncias de aumento de desempenho e examiná-los apenas em termos de saúde.
Desde 2024, os organizadores têm reunido alguns atletas e ex-atletas e feito demonstrações privadas em vídeo de supostos desempenhos e quebras de recorde que alegam ser sob o uso de substâncias. O nadador australiano James Magnussen, prata e bronze (duas vezes) em Jogos Olímpicos, e o ex-nadador grego Kristian Gkolomeev, vice-campeão mundial nos 50m livres em 2019, são alguns dos garotos-propaganda do evento.
Veja a carta do Movimento Olímpico:
Como atletas, acreditamos que os Enhanced Games ou qualquer outro evento encorajando o uso de substâncias de aumento de performance são uma traição a tudo que prezamos.
Mais importante, esses eventos enfraquecem a integridade do esporte e a responsabilidade dos atletas como modelos da sociedades. Promover essas substâncias e métodos a uma mensagem perigosa, especialmente para as atuais e futuras gerações de atletas. Essas substâncias podem levar a sérias consequências de saúdo no longo prazo, até à morte. Encorajar atletas a utilizá-las é altamente irresponsável e imoral. Nenhum nível de sucesso esportivo vale esse custo.
Nos posicionamos firmemente e unidos pelos valores do fair play, do comportamento ético e do respeito, princípios que guiaram nossa jornada e que acreditamos que devem guiar e inspirar a próxima geração de atletas. Faremos tudo que pudermos para proteger a integridade do esporte para as próximas gerações.