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Um Ponto de vista do Marco Zero

Somos todos Pernambuco

Pernambuco é uma ideia. De coletivos. Que se reúnem. Em torno de projetos. Conquistas. E avanços. No começo, de 1500 a 1850, fomos revolucionários. No século XIX, fizemos três revoluções: 1817, a revolução dos maçons;1824, a revolução dos padres, Frei Caneca; e 1848, a Praieira. Amputaram-nos Alagoas e o Oeste da Bahia.

Então, nos tornamos reformistas. Com a semente plantada por Gervásio Pires, presidente da Junta Governativa. Na troca amigável de correspondência com D. João VI. Fim do Império, com Joaquim Nabuco, Pernambuco, filho de Massangana, foi abolicionista. Depois, a República Velha (1889-1930). Pernambuco reformista com Getúlio e Agamenon. Produziu a CLT. e o Código Eleitoral. Eleição de Dutra.  

Pernambuco, em 1958, mudou o vocabulário rural. Para o idioma industrial. Unido, venceu com a Coperbo de Cid Sampaio. Em 2005, alinhado internamente, trouxe de Brasília a refinaria. E, com a coparticipação de todos os governos, de Moura Cavalcanti a Eduardo Campo, implantou Suape. Todas as vezes que Pernambuco se uniu, venceu. E, quando se desuniu, perdeu.

Pernambuco sabe mudar. A cada arrebol, o azul vira rubro no horizonte. As noites, promissoras, descem seus véus. E chega um outro dia. Novos desafios. Temos sabido superá-los. Ampliamos a vocação açucareira em polo de bioenergia. Transformamos tecnologicamente a indústria metalmecânica em polo automotivo. Alcançamos o patamar de economia criativa. Fortalecendo o terciário moderno. Dois terços do PIB pernambucano são gerados no setor serviços.

Nessa altura, em que Kleber Mendonça entrega ao Brasil o prêmio de Cannes, Pernambuco trabalha dois destinos imortais: mascates da logística e mascates da cultura. Antes mascates de açúcar, agora somos mascates tecnológicos. E mascates culturais. Transformando o mar de Camões em via inversa: entregamos beleza. De vivo sonho armorial. Fazendo do ontem, fértil amanhã. Aperfeiçoado no presente. Sócios do tempo tríbio de Gilberto Freyre. Além do apenas moderno.

Pernambuco enfrenta duas lutas: contra a pobreza e contra a inveja. Pior: uma depende da outra. Se prosseguirmos divididos, continuamos pobres. Se nos unirmos, criamos a chance de crescer. Vivemos uma crise de lucidez. A saída é política. Pernambuco precisa da política. E de unidade. Unidade política. Diante da grande pauta de projetos estruturais. Que não nos assombra. É nosso caminho.

É preciso destravar Pernambuco. Porque Pernambuco é maior que as partes que o integram. E só na consciência política, de que cada um é parte, atingiremos a vitória coletiva do fazer. Mas, fazer, é ser coletivo. O Arco Metropolitano é exigência do cidadão do Grande Recife. Da mobilidade de uma metrópole que recebe investimentos. E precisa circular.

João Cabral de Melo Neto, condômino do pensar, escreveu: “Cortaram Pernambuco em prancha longa e estreita. Cortado em trampolim, seus nativos herdam o saltar a que incita a mola que o entesa e dá ao salto o impulso que mais longe projeta”.

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